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terça-feira, 29 de dezembro de 2009



Hoje passei uma boa parte do meu dia lendo a última edição da Veja¹ e, conforme eu ia avançando pelas páginas, mais tinha certeza de que fiz a escolha certa em fazer História agora, e não Jornalismo, como sempre quis até metade desse ano.
Todas as pessoas que convivem comigo já me pergutaram porque não fiz esse curso; pessoas com quem converso por algumas horas me perguntam isso; aqueles que já passaram pelo meu blog me questionam sobre minha escolha atual e mais, me "aconselham" a deixar a História e ser jornalista.

HAHA

Quanto mais me dizem isso, mais vou tendo a certeza de que as pessoas dão mais importância à nomeações do que ao profissional em si, ou seja, julgam mais bonito dizer "jornalista" ao invés de "professor/historiador" (a maioria talvez ache que esse segundo nem exista), além de não questionarem-se sobre a verdadeira importância desses profissionais.

Desde que me entendo por ser pensante quis ser jornalista, e conforme eu ia crescendo, os motivos para tal iam se modiificando. Inicialmente, por volta dos meus 9 anos, eu achava fascinante ser âncora ou correspondente na Europa, meu sonho era ser a FátimaBernardes mineiros-tieteense! Na adolescência vi que meu forte era mesmo escrever e não ficar na frente das câmeras. Nossa, como eu idealizava trabalhar nas grandes revistas e jornais, fazendo matérias reconhecidas e premiadas.
O tempo foi passando e minha consciênca crítica aguçando-se. Concomitante a isso estava meu crecente fascínio pela História. Meu interesse pela matéria foi crescendo, minha visão do mundo mudando a cada dia e minha opinião em relação ao jornalismo e seus profissionais também.
Cheguei a conclusão de para que o jornalista cumpra com seu dever, ele precisa, antes de tudo, ter embasamento para formular e publicar sua opinião crítica sobre qualquer que seja o assunto tratado por ele. Eu não queria me tornar aquele tipo de profissional que aborda um tema e opina sobre tal sem conhecê-lo realmente; que produz matérias superficiais e se deixa levar pelo senso comum.
Foi então que percebi que, se eu realmente gostaria de me tornar uma jornalista de respeito, teria que antes me prepar e ser capaz de debater e defender meu ponto de vista com veemência e embasamento teórico. Uni o útil ao agradável e optei por prestar vestibular para História, justamente porque, além de gostar muitíssimo da matéria, seria ela que me proporcionaria tudo o que precisava.
Esse foi meu objetivo inicial com o curso: me formar em História para ser jornalista.
HAHA, meio contraditório isso.

O que eu não sabia, porém, é que esse curso é extremamente fascinante, ele te envolve de certa maneira que ... desculpe, mas não consigo descrever. O fato é que hoje já não tenho mais aquele mesmo objetivo inicial. Mas não foi sempre assim.
Durante todo o primeiro semestre, assustada com todo aquele universo histórico tão diferente do que tive contato na escola, pensei em me formar em todos os cursos existentes na UEL, menos no meu. Fui de zootecnia à fisioterapia, e toda aquela bagunça que sempre fica na cabeça dos vestibulandos na época do cursinho se fez na minha, talvez porque eu tenha pulado essa etapa, quem sabe.
Passado esse meu efêmero momento biológico, me foquei na área que sempre tive mais afinidade: humanas. Foi aí que bati o pé e decidi que faria Direito, o curso dos sonhos de todos os patriarcas.
É claro que minha única motivação foi o retorno financeiro que essa carreria poderia me proporcionar. Eu ganharia dinheiro rápido e então faria jornalismo. Meus pais já estavam avisados sobre minha mudança e eu voltaria a estudar por conta própria para o vestibular, mais uma vez.
No decorrer do segundo semestre, entretanto, conforme fui me adaptando ao curso vi que eu teria de seguir por aquele caminho mesmo. Durante 17 anos sempre tive em mente que, se eu fizesse o que realmente gostasse, seria uma boa profissional, reconhecida, e o dinheiro seria a consequência do meu trabalho bem feito. Não seria em um semestre que essa visão mudaria. Além do mais, não tenho o dom de ir contra meus princípios e caso seguisse com a carreira jurídica, não faria bem meu trabalho de defender causas injustas, apenas para o bem financeiro meu e do meu cliente.

Hoje tô aqui, caminhando para o segundo ano, feliz da vida e sem nenhuma dp.
Continuo perdidamente apaixonada por jornalismo e pretendo até, quem sabe, me tornar jornalista também. Só não sei se ainda quero fazer o curso; talvez seja mais proveitoso fazer mestrado em alguma coisa relacionada a imprensa .. a pós em fotografia é um plano mais concreto, por enquanto.
Comecei a trabalhar com imprensa no meu projeto de pesquisa e, quanto mais estudo sobre tal, mais vejo que se trata de um campo de extrema importância social e acredito na capacidade dos meios de comunicação de formar cidadãos mais antenados e conscientes sociais. A mídia em massa, dependendo da maneira como é abordada e dos interesses nela imbricados, é capaz de formar e conduzir a mentalidade de toda uma sociedade.
Através dela é possível criar cidadãos menos alienados e, consequentemente, uma sociedade menos novela das nove e mais voltada, criticamente, para o seu círculo social.


Agora, tá explicado?!





¹ Leio Veja, sim. Isso é válido, desde que se tenha em mente que LER é diferente de ACEITAR a postura tomada por ela e concordar, sem questionar, o ponto de vista de seus jornalistas. Desde que se tenha em mente que ela é escrita partindo dos interesses da elite de direita (bom, agora esquerda né) brasileira, essa e qualquer leitura são válidas.

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