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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Separações


" Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus!
Quanto tempo eu passei sem saber!
Foi quando meu pai me disse:
"Filha, você é a Ovelha Negra da família"
Agora é hora de você assumir
E sumir!... "



Uma grande amiga minha foi embora hoje de Mineiros.
É estranho, ou tô estranha por isso.
Tudo bem, já faz um ano que não moro mais aqui, e portanto vou continuar a vendo nas mesmas datas que antes. Mais dois amigos também estão indo embora. Uma vai pra Santos e o outro pra Londrina também.
Mineiros aos poucos tá deixando de ser uma cidade pra virar uma colônia de férias, com seus belos onze, quinze mil habitantes, por aí.
Meus amigos estão se espalhando, cada um indo pra um canto. Isso é inevitável quando todos almejam estudar, correr atrás de sucesso e tudo o mais.


Separações, assim como tudo na vida, tem seus dois lados.
Ela nos proporciona uma dor aguda, que de tão profunda parece nos consumir. Do nada, vem um vazio, e a solidão toma conta de você sem pedir licença nem nada, apenas vem.
Quantas e quantas vezes sentei na rampinha da entrada do meu bloco e chorei, chorei.
Quantas e quantas vezes liguei do nada em casa, às vezes tarde da noite, só pra ouvir a voz da minha mãe. " Fran, aconteceu alguma coisa? " " Não mãe, queria só falar com você, tô com saudade" "Ah, então tá, ligar quando quiser mesmo, te amo" .
Dói muito, muito mesmo, não poder dar um abraço na tua irmã no aniversário dela. Ter de almoçar arroz queimado no domingo enquanto você sabe que tá tudo mundo reunido na casa da vó. A cólica fica mais dolorida quando não tem ninguém pra fazer leite quente e te trazer remédio.
Quando terminei meu namoro, há um ano atrás mais ou menos, não tinha ninguém em casa pra me dar o que eu mais precisava: um abraço. Foi duro, mas passou.


Passou assim como meu medo de morar sozinha numa cidade grande.
É esse o outro lado das separações: amadurecimento. A gente aprende a lidar com os mais diversos sentimentos, e vê que não vai morrer por isso.
Ter uma casa pra cuidar, contas a pagar e mais uma faculdade pra levar exige muito de você.
Você aprende, também, que o mês tem trinta dias e que não adianta esbanjar no começo porque vai faltar no final, e é dose ligar pedindo mais dinheiro.
Mas é muito, mas muito bom passar por tudo isso. Em compensação você ganha muitos amigos, chega em casa quando quiser (ou nem chega), vai festar numa quarta feira e passa o fds estudando.
E aprende, na marra, a cozinhar. O macarrão fica meio duro e arroz queima, mas o estômago já não tem tantas frescuras, não.


Separações são difíceis em qualquer situação, mas ocorrem a vida inteira.
Entre namorados, entre amigos, entre pais e filhos, entre você e a cidade, entre você e a vida.
Algumas são eternas, outras, felizmente, não.
Mas graças à elas o "ver de novo" existe.
E ele é muito, mas muito bom.



Boa sorte pra você Paty!!

Um comentário:

  1. aaaaaaaai fran *-* vc lembrou de mim no post :D
    qe LINDO *-* *-*

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