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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ame com moderação


Eu te amo é a frase que mais me causa desconforto quando vinda da boca de algum garoto.
Não consigo entender como a maioria das pessoas vivem em função de achar sua 'alma gêmea', 'metade da laranja' e uns tantos outros termos.
Me impressiono cada vez que ouço músicas com letras submissas, onde o objeto amado é elevado a um patamar inalcançável.
Isso, para mim, não é amor. E digo com plena convicção.
Amar não é completar, e sim adicionar.
Não se encontra o verdadeiro sentido da vida quando supostamente se encontra a pessoa mais perfeita do mundo, mas sim quando você consegue se amar e sentir-se completamente bem consigo mesmo.
Não, isso não tornou-se um blog de auto-ajuda, apenas fico incorfomada quando vejo que as pessoas valorizam mais pessoas aleatórias do que elas próprias.

Creio que encontrar o verdadeiro sentido da vida e sua plena felicidade não consiste em encontrar a pessoa pela qual você julga ter procurado a vida toda.
Você pode ser totalmente feliz na sua carreira, escrevendo um livro, ajudando uma ONG ou simplesmente visitando um orfanato uma vez por semana. O amor torna-se um complemento à tudo isso.
Me convenço cada vez mais de que a real felicidade se encontra nas coisas que você menos valoriza e, quando recebem a atenção devida, são descobertas e desfrutadas em sua plenitude (acredite: tais ações são mais prazerosas do que ficar o dia todo ao lado do celular esperando por uma ligação que talvez nunca virá).
Eu acredito, sim, no amor. Adoro namorar, amar, me apaixonar perdidamente e passar momentos inesquecíveis a dois. Ó, como apaixonar-se és belo!
Mas jamais vivi em função de outra pessoa. Nunca a julguei melhor do que a mim, nem achei que minha vida estivesse totalmente perfeita.
Sempre quis algo mais.
Antes de tudo, pensei em mim, e tenho certeza que só amando-se completamente é que é possível amar uma segunda pessoa.
O amor é lindo quando bem aproveitado. Magnífico quando bem vivido.
Só o amor próprio é capaz de te elevar ao patamar inalcançável, e não outra pessoa. E isso deve-se à felicidade que ele te proporciona.
Mas, me diga: que mal há em passar o Dia dos Namorados lendo um clássico ou tomando uma com suas amigas?
Ficar sozinha conhecendo inúmeras pessoas interessantes é crime que consta na Constituição?
Preferir ir à baladas fenomenais do que passar a noite entupindo-se de brigadeiro é proibido?
Creio que a resposta para essas três perguntas seja NÃO, assim como é negativa para uma tantas outras.

Em Mineiros é incrível a maneira como as pessoas olham quando se está solteira.
Te acham uma alienígena quando você está apenas com seus amigos no Natal .Que cérebro vazio, céus! E olha que estou há apenas 5 meses solteira.
Em Londrina isso é vantagem; aqui, causa estranhamento.
Está comprovado de que o ser humano não consegue ficar sozinho.
Talvez seja por isso que criemos laços tão fortes com nossos familiares e amigos. Mas isso não justifica a busca insaciável por um terceito elemento.
Marx disse sabiamente que " a religião é o ópio do povo ". Acredito que " amor " deva ser acrescentado à frase.
Deve-se, sim, ter paixão em tudo aquilo que se faz, para assim tornar-se prazeroso; mas a partir do momento em que pessoas matam, se matam, mentem e vivem em função disso, encontra-se então o problema.
A mídia usa o amor no Dia dos Namorados para faturar; a TV se aproveita do romance das novelas para conquistar ibope.

Amor não completa, adiciona.
Amor não dá sentido, embeleza.
Amor não vicia, dá sabor adocicado.
Amor não é o motor, só coloca mais combustível.
Amor não é tudo, é parte.

Quando o amor passará a ser consumido de maneira racional e saudável?

Um comentário:

  1. O problema do amor e de tantos outros conceitos é esse mesmo, ser um conceito. E somos incapazes de o definir de forma concreta. Mas a própria vida não é concreta, porque o haveríamos de ser nós? Porque não somos nós capazes de aproveitar o que temos? Será apenas a nossa Natureza humana, ou algo mais? No fundo procurar é o que nos distingue dos outros seres. E quanto mais estranha for a procura mais inebriados estamos (procura de Deus, por exemplo: porque não percebem as pessoas que não existe qualquer entidade superior, que é um conceito que está em nós e que é feito das nossas acções?)

    Gostei muito do post!
    Beijo

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