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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tá na moda


O que tá na moda, agora, é ser culto.
Estou falando sério quando afirmo que bancar o intelectual tá com tudo.
O novo lazer não é mais ir ao cinema conferir o último lançamento hollywoodiano, mas sim baixar um filme cult daqueles que não se consegue entender nem o nome e que 0,001% do seu círculo de amigos conhecem (afinal, você, agora, tem de ter um papo cult e exclusivo para discutir, porque tá na moda);
nada de best sellers na prateleira, porque o que tá bombando nas mesinhas de bares descolados (não mais as boates recém inauguradas) é literatura polonesa, autor norueguês e história dinamarquesa;
aquecimento global está ' over ', antenado é aquele que está por dentro de todo antecedente da crise econômica, e o papo da sala de espera é um capitalismo reformulado ou socialismo flexível. Sem novela das oito, por favor.
Fashion Week? Já foi!
Sem óculos escuros, porque a tendência é o óculos de grau, quadrado de preferência;
adolescente não quer mais bombar com o fotolog ou ser entrevistado pela Capricho, a não ser que seja algum assunto de cunho cultural; ser pop agora significa ir contra a onda de ser pop: agora, é pop quem demonstra ser avesso a todo esse mundinho.
Alain Chabat é o novo Daniel Radcliffe; Laranja Mecânica deixou Crepúsculo pra trás como ícone juvenil e Judy Hollyday é a nova inspiração das adolescentes.

Portanto, se você quer seguir a moda e não ficar para trás, anote:
- não diga que você é cult ou que gosta do gênero, deixe que percebam;
- delete seu flog e my space, crie um blog e escreva 'cultMente';
- guarde sua Melissa e a Kipling no guarda roupa, procure algum brechó urgente, compre uma bolsa de malha palha e resgate seu all star (ou Conga, se existir) mais surrado.
Agora, com seu look totalmente avesso à essa sociedade capitalista e materialista, você tá na moda!
¨
* Seria bom, se não fosse cômico; seria útil, se não fosse superficial

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