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domingo, 20 de dezembro de 2009

Vida costumeira


A gente acaba que acostuma com a vida, e com tudo que nela vem embutido.
Ter a casa vazia num final de semana é irritante, o bom foi o costume adquirido de aguentar falação o dia todo
Um dia chuvoso no meio de uma semana toda de céu azul também não é legal, porque o costume que se tinha era de acordar sorrindo com o sol, não de bocejando com a nuvem
Em setembro me acostumo com chuva a tarde e noite estrelada, aí em março já abandono isso e pego o costume de reclamar todo dia de ter que levantar junto com o frio e a rua neblinada.

A gente acaba que acostuma com a vida, e com as pessoas nela colocadas.
Amores são pura questão de costume que o coração cria. Bom, não só o coração, mas o corpo todo. Os olhos acostumam-se a ver sua ternura refletida noutro par; o nariz se acostuma a ficar aconchegado no pescoço, assim como a boca, naquela outra doce aqui bem na frente. As mãos pegaram o costume de andar sempre agarradas a uma outra, e o pés já não gostam de trilhar o caminho só em dois, agora quatro tornaram-se necessário
E então chega o dia em que esse costume ... nem sei como se dá, mas desacostuma. Cada parte segue só, só esperando se acostumar de novo.
Aos amigos cabe o costume da presença, do ombro e do ouvido. Tem costume que se dá de cara, outros vão crescendo ao longo do tempo. Esse costume é mais duradouro, por ser mais profundo. Aqueles enraizados, mesmo que não regados constantemente, permanecem, às vezes nos dando saudade de querer estar perto, outras conforto pelo simples fato de saber que se tem.

Essa vida é costumeira que só vendo. Nos faz acostumar com isso, então nos força a desacostumar, às vezes quando acabou de se apegar. Tem costume que dói perder, tem costume que mesmo não existindo mais, ainda permanece.
Costume que vai, costume que vem ... Nessa costumeira , quero ser costume também, presente, marcante.
Não sirvo de costume efêmero, esse meu costume adquirido, intrínseco ... eterno não, presente.

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